Filme Divertidamente

divertidamente

Olá,

Primeiro, atenção! Aqui comento cenas do filme, spoiler na veia! Se preferir, assista primeiro ao filme para conhecer a história.

Considero a realização e divulgação do filme Divertida Mente um ato de coragem! O filme trata da história de Riley, uma adolescente que passa por diversas experiências quando sua família muda-se de uma cidade para outra dos Estados Unidos. O turbilhão de emoções da menina que, além da mudança de cidade, passa pelas transformações típicas da adolescência, é apresentado no filme de forma muito madura, mas também divertida.

Para a realização do filme, o pesquisador Paul Ekman foi consultor científico do filme para orientar quanto à abordagem das emoções na mente humana. Seu trabalho investiga como nos afetamos pelas emoções e como elas atuam no nosso organismo.

Como psicóloga, tenho como principal material de trabalho justamente as emoções. Anos e anos observando o comportamento e a mente humana, e tentando pensar no melhor caminho rumo ao autoconhecimento. No filme, vemos o comportamento de cada emoção: raiva, alegria, tristeza, nojo e medo. Em um primeiro momento, tenderíamos a gostar mais da alegria: mais bonita, vibrante, engraçada, boazinha. E aí penso que o filme ganha os meus louros.

A protagonista do filme é a… Tristeza. Sim. Azulzinha, cabisbaixa, um tanto pessimista. Mas, na aventura que se desenrola no filme, onde Tristeza e Alegria entram no subconsciente de Riley e conhecem todos os conteúdos mais secretos da menina, que percebemos a riqueza do filme (e percebemos uma grande chave para o nosso caminho de autoconhecimento).

A sociedade de consumo é conhecida por destacar como principais características a alegria, a aceleração, a intensidade. Portanto, nessa sociedade não existe espaço para o inverso: tristeza e vagarosidade. O desfecho do filme nos apresenta o reconhecimento da tristeza,  de seu valor e  importância na vida de Riley, como a chave para a integração psíquica da menina.

Em minha experiência pessoal e profissional, percebo o mesmo caminho. Quando reconhecemos todas as nossas emoções, quando aceitamos a sombra que Jung conceituou, o inconsciente e a repressão conceituados por Freud, então podemos nos integrar. Podemos viver de forma autêntica. Nossa vida é uma palheta de cores, vamos do branco ao preto todos os dias. Precisamos de sabedoria para identificar esses movimentos e dosarmos nossas reações cotidianas.

A tristeza é tão importante quanto a alegria. A doença é um sinal da saúde. E assim vamos integrando e caminhando. Desintegrando e reintegrando, do caos a ordem. Todos os dias.

Até mais!