Curso Luto e apego

Aos colegas psis,

Depois de tantas conversas partilhadas, eu, Bárbara e Carol construímos o Curso introdutório online sobre luto e apego que ofereceremos a partir de quarta-feira que vem, pela UNIFOR.

Este curso tem o objetivo de divulgar um conteúdo relevante neste momento de pandemia, além do desejo de trocar com os colegas psis, estudantes e profissionais. Teoria e prática sobre o enfrentamento do luto, com contribuições da teoria do apego, na direção do autocuidado.

Você pode encontrar mais informações e o caminho para a inscrição aqui

Um abraço!

A pandemia e as perdas

A experiência da pandemia nos levou a viver muitas perdas ao mesmo tempo, de ordem pessoal, profissional, espiritual, dentre tantas outras… Os profissionais de saúde que trabalham fora do ambiente hospitalar foram desafiados a remanejar o seu fazer para seguir trabalhando. As psicólogas migraram do presencial para o online e se depararam com temáticas que são pouco abordadas (quando não são abordadas) nas universidades, como o luto.

Vivemos tantos lutos ao longo de todos os dias desde março de 2019 para além das mortes… Mudança da nossa rotina, confinamento e isolamento social, incerteza sobre o futuro, o pesar sobre as mortes de pessoas ao nosso redor e o luto pelos nossos, o medo de morrer. Para além destes, cada um de nós sofre as suas perdas particulares, de sonhos, projetos, condições de existência.

Como psicóloga, ingressei – assim como tantas outras colegas – em projetos voluntários para tentar contribuir com o meu fazer neste momento de crise mundial que vivemos. Segui por seis meses e me vi beirando a estafa mental. Para além do acolhimento à população, os meus atendimentos clínicos foram obviamente inundados pelos conteúdos da pandemia: medo, ansiedade, desespero, tristeza, angústia, depressão. Ao lado disso, eu mesma passava por esses mesmos caminhos. Afinal, como ouvi certa vez, atravessávamos a mesma tempestade em embarcações diferentes.

O que tem sido fundamental em toda essa trajetória – dentre outros aspectos – tem sido a forte rede de apoio que quis construir. Colegas de profissão que viraram amigas de vida, com quem dividi dúvidas, angústias, buscando amparo neste caminhar. Esta rede alivia as quedas cotidianas, protegendo-me e apoiando-me. Que consigamos construir a nossa rede e ser rede para os nossos ao redor.

O que mindfulness tem a ver com felicidade?

Nessa vida, um dos nossos grandes dilemas é encontrar a felicidade. Enquanto isso, carregamos tudo o que precisamos nessa jornada – objetos úteis, objetos queridos – mas também um conteúdo invisível: julgamentos, representações, expectativas, mágoas. O peso a carregar dependerá da quantidade acumulada ao longo do caminho. Talvez a busca pela felicidade, adotando a perspectiva do mindfulness, passaria pelo ato de conhecer tudo o que levamos conosco. Para, quem sabe, avaliarmos se queremos dispensar algo na próxima curva.

Dalai Lama descreve no livro “How To Be Compassionate” os conceitos de felicidade física e mental, sendo aquela relacionada às coisas materiais – nossos apegos às coisas – enquanto o aspecto mental diz respeito ao crescimento espiritual – ao imaterial. A consciência sobre esses dois âmbitos – e seu manejo – pode levar a uma vida mais leve e satisfeita. Em nossa sociedade, a insatisfação constante pode ser celebrada como sinônimo de sucesso, sinal de ambição e “sangue no olho”; por outro lado a eterna inquietação com o presente pode trazer algumas noites de sono perdidas e muito sofrimento associado.

Por vezes interpretamos as experiências desagradáveis como algozes que nos maltratam sem dó nem piedade. É fato que existem adversidades que fogem ao nosso controle, mas quando pensamos na nossa vida corriqueira, de segunda a sexta, nos deparamos com situações em que temos, sim, nossa parcela de responsabilidade. Se não somos responsáveis pelo ocorrido, somos com o que faremos disso. A forma com que lidamos com o que nos acontece dará o tom da nossa visão de mundo.

Da mesma forma, o modo como lemos as circunstâncias é influenciado pelos nossos conteúdos internos. Ao nos relacionarmos com os outros, estamos a todo momento pautados em nós mesmos. Podemos construir, por meio de uma história de vida dura e árida, uma estrutura de rigidez interna, guardando uma tempestade de tristeza e insegurança dentro de si, com marcas profundas vindas do passado. Um peso a ser carregado e dividido com quem vivemos. Trazer a atenção a como nos relacionamos e como carregamos as experiências vividas, boas ou ruins, é um dos convites da filosofia do mindfulness, e que tem tudo a ver com a nossa percepção de felicidade.

Ao mesmo tempo que o convite aqui seja o foco no aqui e agora, isso não significa que devamos ignorar completamente passado e futuro. Afinal, somos hoje, porque nos construímos ao longo do tempo. Além disso, a ideia de um chão futuro nos motiva a alimentar os sonhos e a viver por eles. Swami Nirmalatmananda nos adverte sabiamente sobre o risco da ignorância de passado e futuro que nos leva a um descomprometimento com o vivido e o porvir. Eles existem na nossa mente, mas não devem nos amarrar.

Assim, as práticas de mindfulness nos auxiliam a entrar em contato com nossas emoções e sensações (de quem muitas vezes fugimos, não?) convidando-nos a trazer o foco da atenção a um ponto, em uma postura de abertura e curiosidade. Em meu caminho, essa prática me auxilia a separar o que é meu do que é do outro, abandonando coisas pesadas para seguir em frente com mais leveza, consciência, e encontrando a felicidade com alegria! Às vezes dá certo, às vezes me pego entulhando novamente. Vida que segue. E você? O que tem carregado na sua
bagagem?

Este texto foi publicado originalmente no site Felicidade Sustentável. Clique aqui para acessar minha coluna.

Até mais!

Filme Divertidamente

divertidamente

Olá,

Primeiro, atenção! Aqui comento cenas do filme, spoiler na veia! Se preferir, assista primeiro ao filme para conhecer a história.

Considero a realização e divulgação do filme Divertida Mente um ato de coragem! O filme trata da história de Riley, uma adolescente que passa por diversas experiências quando sua família muda-se de uma cidade para outra dos Estados Unidos. O turbilhão de emoções da menina que, além da mudança de cidade, passa pelas transformações típicas da adolescência, é apresentado no filme de forma muito madura, mas também divertida.

Para a realização do filme, o pesquisador Paul Ekman foi consultor científico do filme para orientar quanto à abordagem das emoções na mente humana. Seu trabalho investiga como nos afetamos pelas emoções e como elas atuam no nosso organismo.

Como psicóloga, tenho como principal material de trabalho justamente as emoções. Anos e anos observando o comportamento e a mente humana, e tentando pensar no melhor caminho rumo ao autoconhecimento. No filme, vemos o comportamento de cada emoção: raiva, alegria, tristeza, nojo e medo. Em um primeiro momento, tenderíamos a gostar mais da alegria: mais bonita, vibrante, engraçada, boazinha. E aí penso que o filme ganha os meus louros.

A protagonista do filme é a… Tristeza. Sim. Azulzinha, cabisbaixa, um tanto pessimista. Mas, na aventura que se desenrola no filme, onde Tristeza e Alegria entram no subconsciente de Riley e conhecem todos os conteúdos mais secretos da menina, que percebemos a riqueza do filme (e percebemos uma grande chave para o nosso caminho de autoconhecimento).

A sociedade de consumo é conhecida por destacar como principais características a alegria, a aceleração, a intensidade. Portanto, nessa sociedade não existe espaço para o inverso: tristeza e vagarosidade. O desfecho do filme nos apresenta o reconhecimento da tristeza,  de seu valor e  importância na vida de Riley, como a chave para a integração psíquica da menina.

Em minha experiência pessoal e profissional, percebo o mesmo caminho. Quando reconhecemos todas as nossas emoções, quando aceitamos a sombra que Jung conceituou, o inconsciente e a repressão conceituados por Freud, então podemos nos integrar. Podemos viver de forma autêntica. Nossa vida é uma palheta de cores, vamos do branco ao preto todos os dias. Precisamos de sabedoria para identificar esses movimentos e dosarmos nossas reações cotidianas.

A tristeza é tão importante quanto a alegria. A doença é um sinal da saúde. E assim vamos integrando e caminhando. Desintegrando e reintegrando, do caos a ordem. Todos os dias.

Até mais!

Cursos de Abril e Maio

pergunta

Olá!

O mês de abril já começou com novidades! Dois cursos fresquinhos para pensarmos sobre autocuidado e saúde, em São Paulo.

Curso “Mindfulness no cotidiano”, no Leela Yoga

O curso tem o objetivo de apresentar algumas técnicas de mindfulness para quem tem curiosidade sobre o assunto. Três dias de teoria e prática sobre as práticas de atenção plena e como incorporá-las ao cotidiano. Este curso é voltado para a prática do autocuidado.

No Leela Yoga, Rua Monte Alegre, 695 – Perdizes.

[Dias 25, 26 e 27 de abril, de 20:00 às 22:00hs]

Informações e inscrições em contato@claudiacomaru.com.br


Curso “Saúde mental nas empresas: Prevenir, promover ou remediar?”, no CETAT

O curso tem o objetivo de trazer a lógica da promoção da saúde para a seara das instituições com reflexões que estimulem o autocuidado. A partir da apresentação de conceitos e práticas, o objetivo do minicurso é instrumentalizar o profissional a pensar novas estratégias para abordar a saúde mental no trabalho.

No CETAT, Rua Dr. José Queiros de Aranha, 19 – cj.322 – Vila Mariana.

[Dia 06 de maio, de 08:00 às 18:00hs]

Informações e inscrições em www.cetat.com.br ou pelos telefones (011) 3796-1327 e WhatsApp (11) 97049-5378.

Até mais!

Congresso Online

congressonline

Olá,

De 27 de março a 2 de abril acontecerá o 1o Congresso sobre autoconhecimento, inteligência emocional e desenvolvimento pessoal. Um evento 100% online e gratuito em que você se inscreve pelo site clicando aqui. Após a inscrição, você receberá os links para as palestras na semana do congresso.

Terei o prazer de contribuir nesse movimento com a palestra “Autocuidado: de si para o outro”. Nela, falarei um pouco sobre como percebi que o autocuidado pode ser o início de um processo que precisa alcançar a esfera relacional, o contato com o outro. É nas relações que temos a oportunidade de sermos melhores a cada dia. A partir das experiências do cotidiano temos as chaves para o nosso autoconhecimento.

Quer saber mais? É só se inscrever no Congresso e aguardar a divulgação da minha palestra.

Até mais!

Zenklub

Olá,

A partir desta semana começarei a realizar atendimentos online através do Zenklub, uma plataforma on-line de atendimento psicológico onde as sessões acontecem através de vídeo chamada. Realizarei atendimentos de orientação psicológica e coaching. Para agendar uma consulta comigo, é preciso acessar o site http://zenklub.com.br/, clicar em “psicólogos” e depois procurar pelo meu nome. Clicando no meu nome, é preciso se cadastrar no site para realizar o agendamento da consulta. A duração da sessão é de 50 minutos.

E então você pode perguntar: Por que passar por uma consulta pela internet? Vamos a alguns motivos. O primeiro deles é a facilidade. O atendimento online permite que você a realize no conforto da sua residência.  Lembrando que o site é equipado com recursos de segurança que garantem o sigilo do conteúdo das sessões. A proposta da orientação psicológica pode ser interessante para quem tem curiosidade sobre o trabalho do psicólogo, ou para quem tem vergonha/medo/receio de procurar um. Você paga a sessão no ato do agendamento, o que facilita o seu controle financeiro.

computador

 

Agora vamos explicar resumidamente o que seria o trabalho de orientação psicológica e coaching. A orientação psicológica consiste em acompanhar questões emocionais e comportamentais dos pacientes. Convido-lhe a pensar se teria algo em sua vida que você sabe que precisa mudar, mas não consegue. Muitas vezes não nos sentimos à vontade para compartilhar nossas angústias com nossos amigos e família. Podemos nos sentir sozinhos e cansados para carregar uma carga por vezes pesada demais. O psicólogo é um profissional habilitado para a escuta e posterior reflexão, levando a um caminho de significação das experiências vividas. Quando encontramos o sentido do que vivemos, fica mais fácil e leve seguir em frente.

Já o coaching se propõe a acompanhar pessoas que querem atingir um objetivo específico em sua vida: passar em uma prova de concurso, falar em público, lidar melhor com o tratamento de uma doença, emagrecer, etc. Trata-se de um método mais objetivo e específico do que a orientação psicológica. Conta com uma forma de pensar o acompanhamento como um treinamento, onde serão desenvolvidas as competências e comportamentos necessários para o alcance de determinado objetivo.

Espero ter conseguido esclarecer algumas dúvidas frequentes sobre o trabalho do psicólogo e do coaching, além do funcionamento do site Zenklub. Caso tenha outra dúvida e queira esclarecer, é só enviar um email para contato@claudiacomaru.com.br. Será um prazer responder.

Nos vemos no Zenklub!

Até mais!

Inícios e finais

Olá!

Inicio o blog saudando a todos os leitores! Neste primeiro texto escrevo justamente sobre os “inícios” e “finais”, as mudanças de ciclo que acompanham toda a nossa vida e que geram muita alegria, mas também muito sofrimento. Os exemplos podem ser vários: Mudança de cidade, mudança ou perda de emprego, falecimento de alguém querido, casamento, separação… Momentos de ruptura onde o que vem é inesperado e desafia todo o saber acumulado em nossa vida, nossos pré-conceitos e definições. Podemos, em um primeiro momento, manter nossa atenção voltada à situação específica de mudança e toda a sorte de emoções envolvidas neste processo. Temos, portanto, a possibilidade de pensar cada passo a ser dado. Como toda mudança, novas tarefas surgem e talvez precisemos criar novas competências para lidar com as novas situações apresentadas.

remando

Ao mesmo tempo não podemos perder de foco o objetivo maior que nos norteia. Este norte nos ampara principalmente nos momentos em que somos inundados pelas emoções. Por vezes, “olhar para cima”, desafogando nossa percepção das sensações mundanas é fundamental para nos reconectarmos com o motivo primeiro, a nossa missão. Assim, os movimentos de aproximação e afastamento da situação são de extrema importância não só nos momentos de mudança, mas em todos os momentos da nossa vida.

Boas mudanças!

Até mais!